sábado, 15 de agosto de 2009

Luz para os habitantes da Caverna


Estou com Depressão

    
Oh!! quão fundo pode ser este poço? Parece que faz tanto tempo que eu estou caindo. Espero a qualquer momento bater no fundo, para poder iniciar a viagem de volta. Na queda sou ferido por galhos, pedras; facas me ferem no meu íntimo. Sangro aos poucos e sinto as forças se esvaindo.

 
Tenho saudade do tempo em que o sol brilhava nas manhãs de primavera. Agora está tão frio. E continuo caindo. Nem consigo mais chorar. Acho que a vida me deixou duro demais. Gostaria de chorar todas as minhas mágoas, tirar toda raiz de amargura através dos olhos e me sentir livre dessa dor. Como eu queria recomeçar! Mas me faltam forças.

 
Talvez seja a ausência de objetivos! Quem sabe a certeza de uma fraqueza que insiste em ser forte e permanecer... Enquanto medito, continuo caindo. Ao longe a luz do dia vai ficando menor, como aquela luz do começo do túnel, que vai ficando menor à medida que avançamos para dentro da escuridão.

 
Penso nos amigos, mas este pensamento não me traz ânimo. Acho que me viciei na solidão. Bebo goles vigorosos dela e torno a encher o copo. Caindo sozinho ela é a única companheira. Enquanto concluo isto, continuo caindo. E o sono não vem. Quero ficar acordado para ver onde isto vai parar...

 
Mas isto não pára. E encontro uma saída: o suicídio. Preciso parar com esta dor. Tirar o nó do peito. Arrebentar com a angústia da alma. Sim! Isso resolverá.

 
Mas a alma que sabe que é eterna grita dentro de mim: Hein, e depois? Como será a eternidade? Disso você não pode correr! Esbraveja o "eu" interior. Tento calar a voz da razão. Não quero ouví-la. Fixo minha mente no meu objetivo: acabar com este poço escuro e com essas ondas de morte e angústia, que me levam como um barquinho na tempestade.

 
Argumento: Hei alma, não percebe a minha dor? Não sente a minha angústia? Tento chorar, mas até as lágrimas me abandonaram. Então a alma se solidariza e confessa: Eu também estou angustiada. Eu também me comovo e me abato.

 
Silêncio. Daquele silêncio ensurdecedor. Consigo escutar apenas uma coisa: meu coração batendo. Então percebo que, apesar de continuar nesse círculo vicioso de angústia sobre angústia, eu continuo vivo. Isto me traz um fiapo de esperança. Eu preciso fazer alguma coisa pela minha alma.

 
Lembrei-me de um salmo e perguntei: "Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te pertubas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei na salvação da sua presença. Ó meu Deus, dentro de mim a minha a minha alma está abatida" (Salmo 42.5-6).

 
Pensando na minha alma eu orei e encontrei um motivo para viver. Pude entender então que as promessas de Deus são como as estrelas: elas brilham mais forte nas noites mais escuras.

 
Quando eu assim pensava, cheguei no fundo do poço. Era um lago horrível, um charco de lodo (Salmo 40.2). Olhei para cima e percebi que a noite havia chegado, mas havia estrelas no céu. Passei a noite naquela caverna (1Rs 19.9) e esperei com paciência pelo Senhor (Salmo 40.1).

 
Na escuridão pude ouvir a voz de Deus falando alto dentro de mim: "Que fazes aqui?" Não escondi nada e lhe contei tudo, até sobre aqueles que queriam te ver morto. Deus me convidou para sair. Isto mesmo: ele queria que eu saísse e conversasse com Ele. Então percebi que o mais importante não é o fato de você ter caído no poço, mas o de ter alguém para tirá-lo de lá. E eu tinha um Deus. Alegre-se minha alma: você tem um Deus. Não pude resistir ao seu chamado e comecei a sair. Machucado, cambaleante, sangrando, ferido por dentro, mas eu estava saindo.

 
Quando achei que tudo seria bonança fui impedido de sair do poço por um vento forte; depois um terremoto. E depois do terremoto um fogo. Quanta luta. Porém, Deus não estava nestes elementos, mas eles me fizeram ter o desejo de me esconder nEle e esperar. Quando tudo passou uma voz mansa e delicada me convidou para sair e conversar com Ele face a face (1 Reis 19.10-15).

 
Ele me ordenou a voltar pelo deserto por onde eu havia passado, pois havia muitas coisas a serem feitas e que tinha sido escolhido para essas missões. Ainda não era tempo de morrer. "Vê! Já passou o inverno; as chuvas cessaram, e se foram. Aparecem as flores na terra; o tempo de cantar chegou..." (Cantares 2.11-12). Pode cantar rouxinol; eu e você temos um Deus.

 

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